Pesquisadores da Universidade Rockefeller, nos EUA, estão
testando uma terapia que usa ‘superanticorpos’ para controlar um vírus similar
ao HIV em macacos. Esses anticorpos poderosos são produzidos apenas por
algumas pessoas e são bastante raros. A existência deles já é conhecida há anos
pelos pesquisadores.
Infusões dos "superanticorpos" clonados a partir do
material colhido de humanos conseguiram reduzir, em uma semana, a carga de HIV
a níveis indetectáveis em um grupo de macacos resos. Dois estudos sobre o tema
foram publicados no dia 30 de outubro na revista "Nature".
Esse controle da carga viral, no entanto, não foi duradouro
na maioria deles: dois meses após a aplicação da terapia, em média, o número de
vírus em circulação voltou a crescer na maioria dos macacos. O controle só
permaneceu nos que já tinham uma carga viral mais baixa desde o início do
estudo, o que sugere uma ação conjunta do sistema imune dos animais e dos
"superanticorpos".
Segundo Michel Nussenzweig, pesquisador brasileiro que é um
dos líderes do grupo responsável por esses trabalhos, o tratamento será testado
em humanos no início de 2014, nos EUA. Serão 75 voluntários, e os primeiros
resultados devem ser obtidos em julho ou agosto.
Como
funciona
Os anticorpos atacam o vírus exatamente na região da sua
superfície que permite sua ligação com as células CD4. Essa ligação é que
permite que o vírus invada a célula e se multiplique.
O anticorpo bloqueia a capacidade do vírus de entrar na
célula. A ação dos "superanticorpos" é, portanto, diferente do
mecanismo das drogas antirretrovirais usadas hoje. Elas agem quando o vírus já
está dentro da célula, impedindo sua replicação.
Mas uma coisa os "superanticorpos" e os
antirretrovirais têm em comum: é mais vantajoso usar mais de um tipo de cada um
deles para evitar que o vírus, que tem grande capacidade de mutação, se torne
resistente e drible os ataques.
Hoje, o coquetel anti-HIV usa três drogas. Os testes com
macacos usaram um ou dois tipos de "superanticorpos”.
Os pesquisadores ainda esperam descobrir como algumas pessoas
produzem esses "superanticorpos". Isso poderá dar um mapa aos
cientistas para produzir uma imunização.
Todas as vacinas existentes até hoje foram feitas copiando a
natureza. No caso do HIV, ainda não foi possível, porque não se sabe como esses
anticorpos são feitos.
FONTE: CFF (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA)
Data: 01/11/2013
REFERÊNCIA
http://portal.crfsp.org.br/noticias/4741-tratamento-da-aids.html