A candidata a vacina contra dengue que está mais
adiantada é a da farmacêutica francesa Sanofi. Em novembro do ano passado,
foram divulgados os resultados de um estudo que envolveu 20.869 crianças e
adolescentes da América Latina, inclusive do Brasil. os resultados mostram que
a vacina foi capaz de prevenir, em média, 60,8% dos casos de dengue em
geral e 95,5% dos casos graves.
A vacina teve níveis de proteção diferentes para
cada sorotipo. Para o sorotipo 1, a proteção foi de 50%; para o sorotipo 2, foi
de 42%; para o sorotipo 3 foi de 74% e para o sorotipo 4 foi de 77,7%.
Segundo Sheila Homsani, gerente do departamento
médico da Sanofi Pasteur, divisão de vacinas da empresa, a expectativa é que a
vacina esteja disponível para a população no início de 2016. Ela afirma que os
documentos necessários para o registro devem ser entregues para a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda neste semestre.
“Geralmente a Anvisa leva alguns meses para
analisar porque são muitos documentos. A gente imagina que no início do ano que
vem ela possa ser liberada”, diz. Segundo ela, foram 20 anos de pesquisa até se
chegar a esse estágio.
A base do produto da Sanofi é a vacina contra febre
amarela, que recebe um envoltório das proteínas que desencadeiam a resposta
imunológica de cada um dos vírus da dengue. Para ser eficaz, ela deve ser
aplicada em três doses, com intervalo de seis meses.
A empresa já inaugurou uma fábrica em Lyon, na
França, dedicada exclusivamente à produção de vacina contra a dengue, com
capacidade de produzir 100 milhões de doses por ano.
Instituto Butantan e NIH: fase 2 em humanos
Outra iniciativa é resultado
de uma parceria entre o Instituto Butantan e os Institutos Nacionais de Saúde
dos Estados Unidos (NIH). O projeto já está na fase 2 de pesquisa clínica.
Trata-se da segunda fase de testes com voluntários humanos (para submeter
o produto à Anvisa, é preciso apresentar os resultados da fase 3, em que um
número bem maior de voluntários recebe a vacina experimental).
A ideia é que 300 voluntários sejam vacinados nesta
etapa. Até o momento, 154 já receberam a vacina. Alguns aguardam resultados de
testes laboratoriais que devem ser feitos antes de receberem a dose
experimental e novos voluntários ainda estão sendo recrutados por
instituições como a Faculdade de Medicina da USP.
Segundo Alexander Precioso, diretor da Divisão de
Ensaios Clínicos e Farmacovigilância do Butantan, esta fase deve terminar em
até 60 dias e, logo em seguida, começará o preparo para a fase 3 de pesquisa.
“Os resultados da fase atual têm demonstrado que estamos trabalhando com uma
vacina bastante segura, com o perfil adequado”, diz o pesquisador. “A vacina
tem apresentado uma resposta bastante balanceada para os quatro tipos de
vírus.”
A vacina do Butantan e do NIH é feita com os
próprios vírus da dengue, que foram modificados para que a pessoa desenvolva
anticorpos contra os quatro sorotipos sem desenvolver os sintomas relacionados
a eles. Precioso acrescenta que os testes têm mostrado que bastará uma dose
para que a vacina seja eficaz.
Fiocruz
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está envolvida em
dois projetos de pesquisa na busca de uma vacina. Um deles, coordenado por
Bio-Manguinhos, é resultado de uma parceria com a farmacêutica britânica
GlaxoSmithKline (GSK).
O outro, coordenado pelo Instituto Oswaldo Cruz
(IOC), é o único no mundo que combina duas estratégias de imunização em uma
mesma vacina. Testes com camundongos revelaram que o produto foi 100% eficaz
contra o tipo 2 da dengue.
Testes em primatas estão previstos para o segundo
semestre de 2015. Caso essa etapa também obtenha resultado positivo, os
cientistas começarão a desenvolver fórmulas que sejam eficazes contra cada um
dos quatro sorotipos. Assim, ao final, a vacina será composta por quatro
fórmulas e poderá imunizar contra todos os tipos de dengue.
Takeda: fase 3 em breve
A farmacêutica japonesa Takeda também está na
corrida pelo desenvolvimento de uma vacina contra dengue. A empresa comprou, em
2013, a americana Inviragen, que estava desenvolvendo uma vacina contra a
dengue.
De acordo com o laboratório, a vacina tetravalente
(que previne conta os quatro sorotipos da dengue) em estudo pela Takeda é
"uma vacina quimérica recombinante baseada em uma forma atenuada do vírus
da dengue 2, que fornece o 'esqueleto' genético para todos os quatro vírus da
dengue".
Testes clínicos de fase 1 e 2 vem sendo feitos nos
últimos anos. "A vacina tetravalente contra a dengue da Takeda está
atualmente em fase avançada de estudos para testar a sua eficácia e segurança e
entrará em fase 3 de testes clínicos em breve", afirmou a companhia, em
nota enviada por e-mail.
Fonte: G1
Fonte:
CRF- PA
DATA:
18/03/2015
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