A “cobaia” foi uma mulher de 60 anos, portadora
de degeneração macular, uma doença ocular degenerativa, em procedimento realizado
no Moorfields Eye Hospital. A doença é a principal causa de perda de visão em
países desenvolvidos.
No Brasil, cerca de 2,9 milhões de pessoas com
mais de 65 anos têm a doença, segundo dados do Conselho Brasileiro de
Oftalmologia.
A técnica envolve o uso de uma espécie de
“remendo”, feito com células oculares provenientes de doações, implantado na
parte posterior da retina.
A cirurgia faz parte de um projeto criado há uma
década para tentar reverter a perda de visão em pacientes com degeneração
macular. Dez pacientes com o tipo “úmido” da doença, considerado o mais grave,
participarão dos testes.
Todos eles têm expectativa de sofrer perda súbita
de visão por conta de defeitos nos vasos sanguíneos localizados nos olhos.
Após a cirurgia, os pacientes serão monitorados
por um ano para que se cheque se o tratamento é seguro e se houve melhora de
visão.
A mulher que se submeteu à cirurgia não quis ser
identificada. Segundo o coordenador do projeto, o médico Peter Coffey, do
Instituto de Oftalmologia da University College London, o remendo de células
parece estável.
“Não poderemos saber antes do Natal se a visão
está boa e por quanto tempo pode ser mantida”, explicou Coffey.
As células usadas na terapia são do epitélio
pigmentar da retina (EPR), uma camada celular responsável pela “manutenção” dos
fotorreceptores na mácula, o ponto do olho em que enxergamos com maior clareza
e definição. Em casos de degeneração macular, as células EPR morrem e pacientes
perdem sua visão central, que fica distorcida e borrada.
“Este é um projeto verdadeiramente regenerativo.
No passado, era impossível substituir células perdidas. Se conseguirmos fazer
com que as células implantadas funcionem, isso seria de imenso benefício para pessoas
ameaçadas de cegueira”, explica Lyndon Da Cruz, do Moorfields Eye Hospital, e
que conduziu a cirurgia inicial.
‘Viável’
A equipe trabalhando em Moorfields recebe apoio
financeiro da empresa farmacêutica Pfizer.
Não é a primeira vez que cientistas usaram
células-tronco em tratamentos de cegueira. Em 2012, pacientes com a doença de
Stargardt, que também é marcada pela degeneração da visão, foram injetadas com
embriões em experimentos nos EUA e na Grã-Bretanha, que também envolveram uma
equipe de Moorfields.
O hospital londrino também tem um programa em que
40 pacientes com degeneração macular receberam tratamento com células tiradas
dos próprios olhos.
“Vimos alguns casos impressionantes de
recuperação, com algumas pessoas conseguindo voltar a ler e a dirigir. E essa
recuperação tem sido sustentada por anos”, explica Da Cruz.
O médico, no entanto, ressalta que o uso de
células dos próprios pacientes é complexo e traz riscos, o que explica o fato
de o novo estudo usar as células-tronco, que podem produzir um suprimento
ilimitado de células.
Estudos em animais mostraram, segundo Da Cruz,
que o uso dos “remendos” é viável. Mas até que conheçam os primeiros resultados
dos testes em humanos, seu funcionamento em humanos permanece uma incógnita.
Fonte:
CRF-ES (Conselho Regional de Farmácia do Espírito Santo)
DATA:
30/09/2015
REFERÊNCIA:
Disponível
em: https://crfes.wordpress.com/2015/09/30/cientistas-apostam-em-celulas-tronco-em-pesquisa-para-curar-cegueira/