As
pesquisas para o desenvolvimento de medicamentos contra a malária a partir de
substâncias extraídas de plantas da Amazônia brasileira estão avançadas.
Os pesquisadores do Laboratório de Princípios Ativos da Amazônia (Lapaam), que
faz parte do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), dispõem de em
torno de seis substâncias isoladas bem caracterizadas, capazes de matar os
parasitas da malária.
A
informação é do farmacêutico Luiz Francisco Rocha, responsável pela área de
farmacologia do Lapaam. Um artigo com os resultados recentes das pesquisas do
laboratório foi aceito para publicação na Antimicrobial Agents and
Chemotherapy, uma revista de prestígio no meio científico, em biotecnologia,
farmácia e química.
Rocha
conta que, desde 2000, o professor e pesquisador Adrian Martin Pohlit,
coordenador do laboratório, se propôs a estudar as plantas que os moradores
utilizavam contra a malária. Das cerca de 40 espécies encontradas, 15
substâncias bioativas foram isoladas e seus efeitos são pesquisados pelo Lapaam.
“Selecionado um grupo de plantas, foram preparados extratos vegetais,
analisados quimicamente, e depois fizemos estudos farmacológicos. Porque uma
coisa é a população utilizar e dizer que é eficaz, e outra é isolar o princípio
ativo e mostrar que tem atividade. Nós conseguimos isso”, disse Rocha.
O
Laboratório de Malária e Dengue do Inpa também atua nas pesquisas, em parceria
com a Fundação de Medicina Tropical do Amazonas.
Entre
as substâncias mais promissoras está o 4-nerolidilcatecol (4-NC), extraído
da Piper peltatum, uma planta medicinal popularmente conhecida como
caapeba-do-norte ou pariparoba. Seu chá é utilizado no tratamento da malária,
dificuldades de digestão, infecções no sistema urinário, febre e picadas de
inseto, entre outras aplicações.
Segundo
Rocha, não é possível precisar quando o medicamento estará disponível, o que
também depende do interesse da indústria farmacêutica, mas várias etapas
importantes já foram cumpridas. “Para o desenvolvimento de drogas, é necessário
testar in vitro nos parasitas, depois em animais, analisamos a
toxidade, e todos esses testes já foram feitos. A substância não é tóxica para
as pessoas só mata o parasita”, explicou.
A
malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada por protozoários
parasitas do gêneroPlasmodium, transmitidos pela fêmea infectada do
mosquito Anopheles e apresenta cura se for tratada de forma correta e
a tempo. Os parasitas se depositam no fígado da pessoa infectada, onde
amadurecem e se reproduzem. A doença pode evoluir para a forma grave e até
matar.
A
maioria dos casos de malária se concentra na região amazônica, área endêmica
para a doença. Nas demais regiões, apesar das poucas notificações, segundo o
Ministério da Saúde, a doença não pode ser negligenciada, pois se observa uma letalidade
maior que na Amazônia.
Para
o farmacêutico do Lapaam, os resultados obtidos são importante pois mostram o
potencial farmacológico da região e a possibilidade de utilizar os recursos
naturais de forma sustentável, agregando valor à floresta, além de dar
visibilidade à pesquisa na região, que é tão escassa de recursos.
O
Lapaam também pesquisa o potencial antimalárico em plantas como a carapanaúba
(Aspidosperma vargasii), a caferana (Picrolemma sprucei), a acariquara vermelha
(Minquartia guianensis) e a andiroba (Carapa guianensis).
O
farmacêutico Luiz Francisco Rocha conta ainda que, recentemente, o laboratório
começou a avaliar a ação das substâncias também para a prevenção da malária.
Fonte:
Agência Brasil
Fonte:
CRF-PA (Conselho Regional de Farmácia-Pará)
DATA:
27/04/2015
REFERÊNCIA:
Disponível
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