Estudo
da Universidade de Harvard identificou uma substância, já usada em outras
terapias, que se mostrou mais eficaz no combate ao câncer por atacar
células-tronco da doença. As terapias-alvo vêm se popularizando no mundo no
combate ao câncer. Elas atacam diretamente as células cancerosas e causam menos
danos às células saudáveis. Mas, uma das dificuldades do tratamento é combater
as células-tronco desses tumores, que os levam a crescer novamente. Publicada
ontem na revista científica “Nature Medicine”, uma pesquisa identificou um
inibidor que seria a solução para este problema.
A
pesquisa analisou mais de 8.200 substâncias, algumas já aprovadas nos EUA, na
busca de um inibidor da enzima Pin 1, que regula as proteínas responsáveis pela
proliferação celular de vários tipos de tumor. Os cientistas ficaram surpresos
ao ver que o ácido all-trans-retinoico (Atra) — um composto já aprovado para o
tratamento de leucemia promielocítica aguda (LPA) — é capaz de eliminar essas
células-tronco, além de bloquear os caminhos de fuga das células tumorais pelo
corpo (o que também faz com que o câncer volte a se manifestar).
O
Atra foi descoberto na década de 1980 e é uma importante droga para tratar a
LPA. Antes dele, a mortalidade era maior devido a intensos sangramentos
ocasionados pela doença. Agora, os pesquisadores mostraram que seu mecanismo de
ação é diferente do que se pensava.
—
O uso do Atra para inibir e destruir a enzima Pin 1 representa uma nova
abordagem para as terapias-alvo — explica um dos autores do estudo, Kun Ping
Lu, do Centro Médico Beth Israel Deaconess (BIDMC) e da Escola Médica da
Universidade de Harvard, e um dos descobridores da enzima Pin 1, em 1996. —
Isto é extremamente necessário para tratar cânceres agressivos ou resistentes
aos medicamentos.
Os cientistas também testaram o Atra no câncer de mama triplo negativo, um dos mais agressivos dos tipos de mama. Os resultados positivos mostram que a substância poderia ser usada em diferentes tumores.
Os cientistas também testaram o Atra no câncer de mama triplo negativo, um dos mais agressivos dos tipos de mama. Os resultados positivos mostram que a substância poderia ser usada em diferentes tumores.
—
Os pesquisadores americanos descobriram um novo e interessante mecanismo para o
Atra — comenta o oncologista Daniel Tabak, membro titular da Academia Nacional
de Medicina. — Este é o avanço da medicina molecular, que implica em
identificar alvos em comum para diferentes tipos tumorais, por isso seria
eficiente tanto para o câncer de mama quanto a leucemia.
No
entanto, a maneira como o Atra é usado atualmente teria que ser revista para
atender às novas necessidades.
—
Estamos desenvolvendo novas formulações da droga — diz Xiao Zhen Zhou, também
pesquisador de BIDMC e de Harvard e autora do estudo. — O Atra aprovado hoje
pelo FDA (agência reguladora de remédios dos EUA) tem uma meia-vida de 45
minutos em humanos, o que é pouco para tratar tumores sólidos. E as novas
gerações mais potentes do Atra tiveram baixa eficácia em testes em humanos e
não inibem o Pin 1. Esta fórmula mais potente atingirá vários “alvos de
sonhos”, que hoje não respondem a drogas.
TUMOR DE CÓLON NA MIRA
Ontem
também foi publicado na revista “Lancet Oncology” um estudo com mais de mil
pacientes de 24 países com câncer de cólon, mostrando que o uso da substância
ramucirumab combinado à quimioterapia aumenta em 16% a sobrevida de pacientes.
Eles sobreviveram 13,3 meses, enquanto que os tratados com placebo, 11,7 meses.
O fármaco atua no processo de angiogênese, que é a criação de vasos sanguíneos
através
dos quais os tumores se alimentam e crescem. Os resultados foram comemorados pelos autores, mas questionados por Tabak: — O ganho de sobrevida é muito limitado. Essa abordagem da angiogênese deixou muito a desejar em relação ao que se propunha inicialmente — afirma o especialista.
dos quais os tumores se alimentam e crescem. Os resultados foram comemorados pelos autores, mas questionados por Tabak: — O ganho de sobrevida é muito limitado. Essa abordagem da angiogênese deixou muito a desejar em relação ao que se propunha inicialmente — afirma o especialista.
Fonte: O
Globo
Fonte:
CRF-PA (Conselho Regional de Farmácia-PA)
DATA:
15/04/2015
REFERÊNCIA:
Disponível
em:
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