Postos de saúde e hospitais de
diferentes pontos do país já enfrentam falta de até seis tipos de vacinas uma
delas de administração obrigatória para recém-nascidos.
O desabastecimento já atinge ao
menos seis Estados, mas pode se estender para todo o país caso os estoques
continuem baixos, segundo entidades e secretarias de Saúde ouvidas pela Folha.
O problema ocorre devido a
atrasos na distribuição ou após repasses em quantidade menor desde o início do
ano, algumas vacinas são entregues pelo Ministério da Saúde em doses que variam
de 50% a 90% abaixo da média mensal utilizada.
A situação é mais grave para pais
que procuram a vacina BCG, que protege bebês contra tuberculose. Especialistas
recomendam que ela seja ministrada logo após o nascimento ou ainda no primeiro
mês de vida.
O problema afeta o Rio de
Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso, Tocantins, Minas Gerais e Pernambuco,
onde pacientes já relatam falta da BCG e outras vacinas em alguns postos de
saúde. Outros Estados convivem com estoques baixos e risco de desabastecimento.
Em São Paulo, a quantidade
recebida neste mês de vacina tetraviral (contra sarampo, caxumba, rubéola e
varicela), por exemplo, ficou cerca de 70% abaixo do esperado. Se não chegar em
até duas semanas, pode faltar vacina, diz a secretaria de Saúde.
Do mesmo modo, a pasta confirma
que só recebeu 10% do que pediu de vacinas contra febre amarela das 300 mil
doses solicitadas, só 30 mil foram entregues, afirma. Situação semelhante
ocorre em Rondônia e no Distrito Federal, por exemplo.
Para amenizar o problema,
unidades de saúde passaram a agendar dias e locais para aplicar as vacinas até
então disponíveis a qualquer hora. A medida visa evitar o desperdício de doses.
Após abertos, frascos de algumas vacinas, como a BCG, têm validade de até seis
horas. "Se formos vacinar todos os dias, daqui a dez dias não temos mais
vacina no Estado", afirma Ivo Barbosa, coordenador estadual de imunização
em Rondônia.
Em Belo Horizonte, a prefeitura
estipulou um rodízio de vacinação de BGC entre centros de saúde. A
administração disse ter solicitado em março 21 mil doses ao ministério, via
secretaria estadual da Saúde, mas recebeu "quantidade inferior". O
restante, não especificado, é esperado para hoje (18/3).
A presidente da Sociedade
Brasileira de Imunizações, Isabella Ballalai, diz que a situação é
"atípica" e já atinge também a rede privada. "Há muito tempo não
vejo uma situação dessas", afirma.
Falha de produção alterou entrega, diz ministério
O Ministério da Saúde afirmou, em
nota, que, "devido a problemas de produção" de algumas vacinas, está
readequando o cronograma de distribuição aos Estados.
Sobre a vacina BCG, a pasta
afirma que deve enviar, até o fim deste mês, 1,3 milhão de doses às secretarias
estaduais de saúde, que as repassam para os municípios.
Também está previsto o envio de
180 mil doses de vacina contra febre amarela o valor, porém, é inferior ao
solicitado apenas pelo Estado de São Paulo, por exemplo.
Para resolver o problema, o
ministério afirma que deve receber dos fornecedores mais 2 milhões de doses,
que ainda precisam passar por análise do INCQS (órgão de controle da
qualidade). Não há previsão de entrega.
O ministério informa que recebeu 4,9 milhões de
doses contra difteria e tétano, cuja distribuição também depende de análise do
INCQS. Sobre a tetraviral, a pasta afirma que "está enviando aos Estados,
neste mês, 300 mil doses da vacina, atendendo a média mensal". A pasta não
respondeu sobre a vacina HIB. Já a antirrábica deve ser enviada ainda neste
mês, na quantidade pedida pelos Estados.
Fonte: Folha de S.Paulo
Autor: NATÁLIA CANCIAN
Fonte:
CFF (Conselho Federal de Farmácia)
DATA:
18/03/2015
REFERÊNCIA:
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