quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Pacientes com cirrose e peritonite bacteriana espontânea não devem usar bloqueadores beta não-seletivos, de acordo com publicação da Gastroenterology

Bloqueadores beta não-seletivos (BBNSs) reduzem a pressão no sistema porta e o risco de hemorragia por varizes em pacientes com cirrose. No entanto, o desenvolvimento de peritonite bacteriana espontânea (PBE) nesses pacientes pode impedir o tratamento com BBNSs por causa de seus efeitos sobre a reserva circulatória. Foram investigados os efeitos dos BBNSs em pacientes com cirrose e ascite com e sem PBE.
Foi realizada uma análise retrospectiva de dados de 607 pacientes com cirrose que fizeram a primeira paracentese na Medical University of Vienna entre 2006 e 2011. Modelos de Cox foram calculados para investigar o efeito da BBNSs no tempo de sobrevida livre de transplante e ajustados para a classificação de Child-Pugh e a presença de varizes.
Os BBNSs aumentaram a sobrevida livre de transplante em pacientes sem PBE (taxa de risco=0,75; intervalo de confiança de 95%: 0,581-0,968; p=0,027) e reduziram os dias de internação de urgência (19,4 dias/ano para pacientes em uso de BBNSs versus 23,9 dias/ano para os doentes que não usaram BBNSs). Os BBNSs tiveram apenas efeitos moderados sobre a hemodinâmica sistêmica na primeira paracentese dos pacientes. No entanto, ao primeiro diagnóstico da PBE, a proporção de pacientes hemodinamicamente comprometidos, com pressão arterial sistólica (PAS)<100 mmHg, foi maior entre aqueles que receberam BBNSs (38% vs 18% daqueles que não tomavam BBNSs, p=0,002), assim como a proporção de pacientes com pressão arterial <82 mmHg (64% daqueles que tomavam BBNSs vs 44% daqueles que não tomavam BBNSs, p=0,006). Entre os pacientes com PBE, os BBNSs reduziram a sobrevida livre de transplante (taxa de risco=1,58; intervalo de confiança de 95%: 1,098-2,274, p=0,014) e aumentaram os dias de internação de urgência (29,6 dias/pessoa-ano em pacientes em uso de BBNSs vs 23,7 dia/pessoa-ano entre aqueles que não tomavam BBNSs). Uma maior proporção de pacientes em uso BBNSs tinha síndrome hepatorrenal (24% vs 11% naqueles que não tomavam BBNSs, p=0,027) e lesão renal aguda grau C (20% vs 8% para aqueles que não tomavam BBNSs, p=0,021).
Entre os pacientes com cirrose e PBE, os BBNSs aumentaram a proporção dos que estão hemodinamicamente comprometidos, o tempo de internação e o risco para a síndrome hepatorrenal e para a lesão renal aguda. Eles também reduziram a sobrevida livre de transplante. Pacientes com cirrose e PBE não devem receber BBNSs.
REFERÊNCIA
·         NEWS.MED.BR, 2014. Pacientes com cirrose e peritonite bacteriana espontânea não devem usar bloqueadores beta não seletivos, de acordo com publicação da Gastroenterology. Disponível em: < http://www.news.med.br/p/pharma-news/574107/pacientes-com-cirrose-e-peritonite-bacteriana-espontanea-nao-devem-usar-bloqueadores-beta-nao-seletivos-de-acordo-com-publicacao-da-gastroenterology.htm >. Acesso em: 3 out. 2014.




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