quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Tratamento com grazoprevir (MK-5172) e elbasvir (MK-8742) com ou sem ribavirina para a infecção pelo vírus da hepatite C: estudo C-WORTHY publicado pelo The Lancet

Existe uma elevada necessidade de uma terapia eficaz para o vírus da hepatite C (VHC) em diversas populações de pacientes, incluindo pacientes com cirrose ou resposta nula anterior ao interferon peguilado (peginterferon) mais ribavirina (PR-null responders). O objetivo da presente pesquisa foi avaliar a eficácia, a segurança e a duração eficaz do tratamento com grazoprevir (um inibidor da protease HCV NS3/4A), combinado ao elbasvir (um inibidor HCV NS5A), com ou sem ribavirina, em doentes com infecção pelo VHC genótipo 1 com características basais de má resposta.
O estudo C-WORTHY é um estudo aberto, de fase 2, randomizado. Os pesquisadores relataram os resultados de duas coortes de doentes com cirrose não tratados previamente (coorte 1) e aqueles com resposta nula anterior ao interferon peguilado (peginterferon) mais ribavirina com ou sem cirrose (coorte 2) matriculadas neste estudo. Os pacientes elegíveis eram adultos, com 18 anos ou mais, com infecção crônica pelo VHC genótipo 1 e concentrações de RNA viral para o VHC de 10.000 UI/mL ou superior no sangue periférico. Os pacientes foram aleatoriamente designados a receber grazoprevir (100 mg diários) e elbasvir (50 mg por dia), com ou sem ribavirina, por 12 ou 18 semanas. A randomização foi feita de forma centralizada, por um sistema de resposta de voz interativo. Os pacientes e investigadores do estudo foram mascarados para a duração do tratamento até a 12ª semana, mas não para a alocação do tratamento. O desfecho primário foi a proporção de doentes que atingiram concentrações de RNA viral do vírus da hepatite C (VHC) menor que 25 UI/mL em 12 semanas após o final do tratamento (SVR12), avaliados pelo COBAS TaqMan versão 2.0.
São descritos os achados de 253 pacientes inscritos na coorte 1 (n=123) ou na coorte 2 (n=130). Na coorte 1, foram distribuídos aleatoriamente 60 pacientes para o regime de 12 semanas (31 com ribavirina e 29 sem ribavirina) e 63 para o regime de 18 semanas (32 com ribavirina e 31 sem ribavirina); na coorte 2, foram atribuídos aleatoriamente 65 pacientes para o regime de 12 semanas (32 com a ribavirina e 33 sem ribavirina) e 65 para o regime de 18 semanas (33 com a ribavirina e 32 sem ribavirina). Elevadas taxas de SVR12 foram alcançadas independentemente da utilização de ribavirina ou do prolongamento da duração de tratamento de 12 a 18 semanas; as taxas de SVR12 variaram de 90% (IC 95% 74-98; 28/31; coorte 1, 12 semanas, contendo ribavirina) a 100% (IC 95% 89-100; 33/33; coorte 2, 18 semanas, contendo ribavirina). Entre os pacientes tratados por 12 semanas com grazoprevir mais elbasvir, sem ribavirina, 97% (IC 95% 82-100, 28/29) dos pacientes na coorte 1 e 91% (IC 95% 76-98, 30/33) dos pacientes na coorte 2 obtiveram SVR12. Os eventos adversos relatados em mais de 10% dos pacientes foram fadiga (66 pacientes, 26% [IC 95% 21-32]), dor de cabeça (58 pacientes, 23% [IC 95% 18-29]) e astenia (35 pacientes, 14% [IC 95% 10-19]).
O tratamento com grazoprevir mais elbasvir, com e sem ribavirina e para a duração do tratamento de 12 ou 18 semanas, apresentaram altas taxas de eficácia em pacientes com cirrose não tratados previamente e em pacientes com resposta nula anterior ao interferon peguilado (peginterferon) mais ribavirina (PR-null responders) com e sem cirrose. Estes resultados suportam o desenvolvimento da fase 3 de pesquisa com grazoprevir mais elbasvir.
Fonte: The Lancet
18/11/2014

REFERÊNCIAS

THE LANCET, EARLY ONLINE PUBLICATION. Disponível em: <http://www.thelancet.com/journals/lancet/article/PIIS01406736%2814%2961793-1/fulltext>. Acesso em: 18 de nov de 2014.

O remédio brasileiro contra a AIDS

O uso do coquetel de drogas contra o HIV, o vírus causador da Aids, prolonga a vida dos pacientes de forma espetacular. Mas não lhes garante a cura. A razão reside no fato de que, mesmo que a concentração de vírus na corrente sanguínea seja reduzida a níveis indetectáveis, uma parte deles ainda está lá, no organismo, escondida no que os cientistas chamam de “esconderijos”. Trata-se de células localizadas em pontos como o cérebro nas quais o HIV permanece alojado, em estado latente e imune à ação dos medicamentos. A qualquer oportunidade, ele é reativado e inicia novamente sua cadeia de multiplicação. Destruir o vírus que está escondido, portanto, tornou-se um dos maiores desafios para vencer a doença definitivamente. No Brasil, um time de cientistas está somando vitórias nesse sentido. Depois de dois anos de pesquisa em animais, uma medicação desenvolvida pelos pesquisadores conseguiu tirar o HIV dos reservatórios, tornando-o finalmente vulnerável ao ataque das drogas antirretrovirais.
A façanha é de autoria do farmacêutico Luiz Francisco Pianowski, do Laboratório Kyolab, e do pesquisador Amílcar Tanuri, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os dois coordenam os trabalhos, que incluem a participação de cientistas do Hospital Johns Hopkins, nos Estados Unidos, e do instituto Aurigon, na Alemanha. O relato do que foi obtido até agora está registrado em publicações científicas como a revista americana Plos One e o jornal “AIDS”.
A peça-chave para o sucesso observado até aqui do remédio criado pelos brasileiros é seu princípio ativo. Ele é extraído da planta aveloz, de origem africana e cultivada em alguns estados do Nordeste. O composto e seus derivados semissintéticos demonstraram eficácia para deslocar o HIV “adormecido” das células que servem como seu esconderijo para o sangue. Os mecanismos que resultam nesse efeito não estão totalmente esclarecidos, mas o fato é que o vírus, antes latente, fica ativo novamente e cai na corrente sanguínea, onde é combatido pelos remédios que formam o coquetel.
O impacto foi constatado in vitro, em células de laboratório e também em células extraídas de pacientes com HIV. Depois, ficou evidenciado, em experimentos realizados com macacos Rhesus infectados pelo SIV, um tipo de vírus responsável por uma infecção extremamente parecida com a causada pelo HIV – por isso, é usado como modelo padrão de estudos em animais sobre a Aids. Já foram realizados quatro investigações usando as cobaias e uma quinta está em andamento. Em uma das pesquisas, dois macacos contaminados e não tratados receberam o remédio. Observou-se aumento da carga viral, mostrando que o vírus alojado nos reservatórios se deslocou para a corrente sanguínea.
Outro teste com os macacos foi mais longe. Dois animais infectados e tratados com os remédios receberam a medicação durante 30 dias. Depois de 21 dias, houve o registro da elevação da concentração de vírus no organismo, indicando que aqueles que estavam escondidos haviam ficado expostos. Após um mês, todo o tratamento foi suspenso, inclusive as drogas antirretrovirais. Depois da suspensão, a concentração viral permaneceu em níveis indetectáveis por 47 dias. “Nesse modelo, porém, o normal é que a carga viral volte a subir em menos de seis dias após a retirada dos antirretrovirais”, explica o pesquisador Tanuri. As investigações executadas nos Estados Unidos e na Alemanha revelaram ainda que o remédio consegue atuar inclusive nos reservatórios localizados no cérebro.
O momento atual da pesquisa – financiada pela Amazônia Fitomedicamentos – é crucial para o futuro do medicamento. “Nesse estudo com macacos, pretendemos estender a pesquisa até que zeremos os reservatórios virais”, informou o farmacêutico Pianowski. “Ficaria assim comprovada, em laboratório, a cura da doença”, afirma. Depois dessa etapa, planeja-se a realização de estudos clínicos, se possível ainda no próximo ano. “Já fizemos todos os estudos toxicológicos em cães e camundongos e dominamos a produção da molécula”, complementa o farmacêutico.
Na opinião do infectologista Edimilson Migowski, diretor-geral do Instituto de Pediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o trabalho dos colegas brasileiros é realmente interessante. “Ele se encaixa em uma linha de abordagem contra a doença que busca a sua cura, e não apenas o controle da multiplicação do vírus, como fazem hoje os antirretrovirais”, afirma. “Mas é necessário lembrar que ainda é preciso muito mais estudo até que isso se torne uma realidade acessível”, ressalva.
Fonte: IstoÉ
Fonte: CRF-PA (CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA)
DATA: 17/11/2014

REFERÊNCIAS



Lote de medicamento com material estranho é suspenso

A ANVISA suspendeu a distribuição, comercialização e uso do lote 33212101 do produto Gliconato de Cálcio 10%, solução injetável, fabricado por Isofarma Industrial Farmacêutica Ltda e com validade até 05/2015. As unidades do lote apresentaram material estranho com flocos escuros e partículas de coloração branca na composição.
Confira a norma publicada no Diário Oficial da União.

Fonte: ANVISA (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA)
DATA: 17/11/2014

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